sábado, 13 de maio de 2017

Custo Brasil: fazendo os cruzeiros naufragarem.

O que está por trás das decisões da Royal Caribbean, da  Costa Cruzeiros e de outras grandes operadoras em reduzir a oferta e até mesmo retirar todos os navios de nossos mares?

Há quase  um coro uníssono de que as raízes do problema têm nome: câmbio e o chamado Custo Brasil.

Mas o câmbio desfavorável está longe de ser o principal vilão a corroer os
lucros das operadoras de cruzeiros e, consequentemente, afastar os  naviosda costa brasileira.  O chamado “Custo Brasil” também tem contribuído  para agravar o problema.

A legislação brasileira também não alivia as operadoras de  cruzeiros. Para
que um navio navegue na costa brasileira, a chamada navegação de  
cabotagem, pela lei, 25% da tripulação deve ser de brasileiros, todos  
devidamente registrados. Algo inexistente em outros portos.

As chamadas taxas portuárias também são caras. Os terminais  de Santos
e do Rio de Janeiro, ambas operadas por um único dono, cobram em média  
R$ 150,00 por passageiro. “Em Miami esta taxa gira em torno de US$ 10)”, afirma Hermann.

Mas o custo para o qual as operadoras mais torcem o nariz é o  da chamada
“praticagem”, considerada a mais cara do mundo. Pelas leis  brasileiras,
quando um navio de cruzeiro chega próxima ao porto, um  especialista, de
nacionalidade local, deve ajudar na condução do navio para  manobras no
canal até que se aporte seguramente. Se não houver este  profissional, com
essas credenciais, as seguradoras não pagam caso haja algum  acidente.
Um profissional desse naipe cobra no Brasil, no porto de  Santos, algo em
torno de R$ 100 mil em cada operação. Na Europa, em Barcelona,  por
exemplo, a pratricagem gira em torno de US$ 5 mil (R$ 19,5 mil), cinco vezes
 menos que no Brasil. 

“Não há opção, ou você paga o prático ou você paga o  prático”, diz
Hermann, que com seus pares negocia com o governo federal uma  
alternativa para que a Marinha brasileira faça esse trabalho. 
Ursilli, da MSC, diz que aumentou em torno de 40% o preço  para um navio
atracar em um porto brasileiro na atual temporada em relação à  anterior
.
“Isto é o custo Brasil. São coisas que não são detalhadas, chegam a  nós
como tarifas de serviços portuários”, afirma.

Os responsáveis pelo serviço de praticagem no Brasil contestam este
aumento. Segundo a empresa Praticagem de São Paulo, que reúne os
práticos de Santos e São Sebastião, no Porto de Santos, os preços em reais
tiveram simples atualização monetária de 9%, negociada com os tomadores
de serviço. Considerados os preços convertidos para o dólar, os preços das
manobras tiveram sim uma redução de 33% em relação à temporada anterior,
segundo a empresa.

Hermann, da Costa Cruzeiros, afirma que se não fosse uma ação  pontual do
setor junto ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a situação seria  muito
pior. Isto porque estava na agenda do governo taxar, a partir do ano que  vem,
em 25%, as remessas de lucros e de serviços feitas pelas operadoras de  
cruzeiros.  “Tivemos que explicar ao ministro que esta alíquota era  absurda, tiraria
empregos no País, e fomos atendidos.  Agora, a cobrança será de  6,38%
sobre a remessa do setor”, afirma.

O contraponto, revela Ursilli, é que existem países que  incentivam o turismo
de cruzeiro. “Os Emirados Árabes chegam até a pagar do  próprio bolso o
custo de materiais promocionais para as operadoras trabalharem  naquele
país”.
 E acrescenta: “Há todo um interesse de chamar os cruzeiros para  lá,
enquanto que aqui no Brasil ....”


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